segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Seminário - aula sobre Pina Bausch

Seminário-aula apresentados pelos alunos da disciplina História e Teoria da Dança III – Prof. Thiago Amorim

Pina Bausch e sua história:

Coreógrafa e bailarina alemã, Pina Bausch, nasceu em 1940, em Solingen, na Alemanha. Faleceu a 30 de junho de 2009, aos 68 anos, em Wuppertal.
Aos 15 anos começou a estudar dança na Escola Folkwang, em Essen, onde lidou com vários professores, dos quais se destaca o coreógrafo expressionista Kurt Joos. Em 1960  foi estudar Nova Iorque, nos Estados Unidos da América, na Escola Juilliard e Integrou, ainda, o elenco de bailarinos da Metropolitan Opera.
1962 retornou à Alemanha onde se tornou solista no recém-formado Folkwang Ballet, voltando a trabalhar com Kurt Joos.

Pina Bausch, a  bailarina:

Desde cedo se entusiasmou pela dança. As primeiras apresentações lúdicas com o balé infantil ocorreram em Wuppertal e Essen. Com 15 anos, iniciou sua formação de dança na Folkwangschule de Essen, fundada pelo célebre coreógrafo Kurt Jooss. Concluiu o curso de Dança e Pedagogia em Dança no ano de 1958. E viajou imediatamente depois aos Estados Unidos, após ter recebido um prêmio de distinção e uma bolsa de estudos da Folkwang. Ela estudou com Antony Tudor, José Limón, Alfredo Corvino, Maragaret Craker, dentre outros nomes, dançou na Juilliard School of Music e na Metropolitan Opera em Nova York. A pedido de Kurt Joos, a jovem dançarina retornou à Alemanha em 1962. E começou a dançar como solista no recém-fundado balé da Folkwang, apresentando-se em Amsterdã, Hamburgo, Londres e no Festival de Salzburgo. “Café Müller”, criado em 1978 , é uma metáfora sobre a solidão, a falta de contato profundo, o questionamento sobre as relações, encontros e desencontros humanos, demonstrado por seis bailarinos, entre eles, a própria Bausch. Um lamento de amor, estruturalmente uma composição simples, mas que toca a alma e impressiona com a pureza e a sinceridade de expressão.

Pina Bausch, a Coreógrafa:

Estreou como coreógrafa em 1968.
Em seus trabalhos, ela viria a conjugar inúmeros elementos de dança, música, linguagem e teatro. A dançarina Pina Bausch rompeu radicalmente com o balé clássico. Dança-teatro é como a maioria denomina o que ela faz. Pina Bausch, no entanto, se refere a uma "abordagem psicológica individual".
Cada peça é um novo apelo para que o espectador "confie em si mesmo, se enxergue e se sinta". A ousadia da jovem coreógrafa chocou inicialmente grande parte do público. O que ocorria no palco muitas vezes não era aquilo que constava do programa impresso. Os bailarinos não necessariamente dançavam, mas, no mais, “pareciam fazer de tudo”. O público expressava sua indignação vaiando ou retirando-se do recinto. Até telefonemas anônimos com ameaças ela chegou a receber.
A coreografia de Bausch incorpora e altera balé em sua forma e conteúdo, usando movimentos técnicos e cotidianos. Seu trabalho aproxima-se do de Wigman em sua utilização das experiências de vida dos dançarinos, mas distingue-se por não recusar a técnica clássica, usando-a de forma crítica.  

Pina Bausch e a dança-teatro:

Quando se fala em dança-teatro Pina Bausch é referência mundial. Pioneira desse novo fazer-artístico ficou conhecida internacionalmente devido às características tão peculiares de seu trabalho.
Sua formação e o momento histórico em que viveu, certamente foram um terreno fértil para que seu trabalho fosse desenvolvido e para que determinasse sua marca enquanto coreógrafa.
Em sua formação dançou com Kurt Joss, do mesmo movimento – o Movimento da Dança Moderna – de Rudolf Von Laban e Mary Wigman, que certamente foram nomes importantes para o surgimento/desenvolvimento da dança-teatro. E estudou na Juilliard School e com importantes nomes da dança pós-moderna americana.
A dança-teatro de Pina Bausch traduz a força da personalidade dos seus dançarinos e a narrativa se dá principalmente através do movimento, ainda que trabalhe com texto, canto, música, diálogo, figurino e nova estrutura/disposição de cenário.
Em suas obras são narradas histórias através de temáticas como tristeza e desespero, por exemplo, e de uma forma geral aborda tendências físicas e emocionais que tratam da realidade humana e do cotidiano. Alguns de seus princípios para estruturação da cena são ações simultâneas, repetições propositais, suspense dramático, cenas episódicas e fragmentadas.
Seu trabalho foi sem dúvida importante para a reflexão a cerca de conceitos como dança, teatro e dança-teatro, servindo de referência em trabalhos de dança na pós modernidade.

Pina Bausch e a cena contemporânea:

No cenário contemporâneo Pina Bausch é considerada a coreógrafa mais importante do séc.XX, pois revolucionou a Arte da Dança, por mais que ela tenha trazido um legado de outros coreógrafos, criou uma característica própria de trabalho, onde o espectador se enxerga em cena, e também onde o teatro e a dança são inseparáveis. Muitas produções artísticas foram base para outros modos de compor, principalmente os coreógrafos que vieram depois dela.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Companhia de Pina Bausch em POA

Pina Bausch oriental

Começa a venda de ingressos para “Ten Chi”, espetáculo da companhia da lendária coreógrafa alemã que marca o lançamento do 18º Porto Alegre Em Cena

Depois da perda repentina de Pina Bausch em 2009, aos 68 anos, cinco dias após ter sido diagnosticada com câncer, houve um momento de interrogação sobre o futuro da companhia Tanztheater Wuppertal, que desde 1973 havia se tornado sinônimo da inovação provocada na dança contemporânea pela referencial coreó­grafa alemã.
Mas o grupo, em sua maioria formado por colaboradores de longa data, não só continuou como teve sua equipe praticamente inalterada. É esse o elenco que volta a Porto Alegre depois de cinco anos, para apresentações nos dias 23 e 24 no Teatro do Sesi, marcando o tradicionalmente antecipado lançamento do 18º Porto Alegre Em Cena (de 6 a 26 de setembro deste ano). Desta vez, sem a presença física de Pina. Mas é como se ela estivesse por aqui, como sempre.

Sob comando dos coreógrafos Dominique Mercy e Robert Sturm, o Tanztheater Wuppertal apresenta Ten Chi (“céu e terra”). Estreado em 2004, trata-se de um dos diários de viagem em forma de espetáculo criados por Pina em homenagem a lugares por onde esteve (Água, de 2001, tinha como referência uma passagem pelo Brasil). A referência, aqui, é o Japão, resultado de uma estadia de três semanas na cidade de Saitama, na província de mesmo nome, região de Tóquio, o que ganha, coincidentemente, em significado após o recente terremoto seguido de tsunami no país.

Nesta produção “tipicamente cornucópica e sem enredo”, como definiu o resenhista do Los Angeles Times, em 2007, o olhar é deliberadamente o do estrangeiro. Entre a tradição e – principalmente – a modernidade, a cultura japonesa expressa no palco brinca com os lugares-comuns associados ao país, a exemplo de uma menção a produtos eletrônicos japoneses exportados ao mundo e citações de palavras familiares às plateias internacionais, como “sushi”, “samurai” e “gueixa”. Como escreveu certa vez o pesquisador do teatro Patrice Pavis, a repetição de uma ação banal é uma estratégia de Pina para desmascarar “os jogos de poder, as maneiras cotidianas de falar ou de comportar-se”.

Novamente em evidência (em fevereiro, o cineasta Wim Wenders arrebatou o público do Festival de Berlim com Pina, documentário em 3D), a dança-teatro da coreógrafa retorna pela terceira vez a Porto Alegre (em uma turnê programada para passar antes pelo Rio de Janeiro e por São Paulo), depois de uma visita em 1980 e de uma disputadíssima volta, em 2006, durante o Porto Alegre Em Cena, com Para as Crianças de Ontem, Hoje e Amanhã (2002).

Característica da dança-teatro (ou Tanz­theater, em alemão), gênero do qual a coreógrafa é uma das principais expoentes, ao lado de nomes como Gerhard Bohner, Johann Kresnik e Reinhild Hoffmann, a realidade é a principal matéria-prima. Os bailarinos – ou “dançatores” – têm seus movimentos baseados em uma espécie de dramaturgia, produzindo uma dança figurativa que se distancia de vertentes abstratas da dança contemporânea.

Ten Chi leva 17 bailarinos ao palco (incluindo a brasileira Regina Advento), que trabalharão com textos de autores das mais diversas procedências, como o alemão Bertolt Brecht, a polonesa Wislawa Szymborska e o português José Saramago. A música, igualmente multicultural, conta com nomes que vão do japonês Ryoko Moriyama ao argentino Gustavo Santaolalla. Para Pina Bausch, a dança não conhece fronteiras.
FÁBIO PRIKLADNICKI  -  ZERO HORA | SEGUNDO CADERNO